Eu já tinha uma empresa e trabalhava quase como qualquer pessoa normal trabalha, só que um pouco diferente... acho que um pouco mais empolgada.
Essa é a palavra, um pouco mais empolgada, mas ainda não era o suficiente para satisfazer aquela expectativa de realização que pulsada em mim.
Um dia do nada, porque é assim que nascem as ideias, comecei a rabiscar num papel uma vontade maluca minha de ajudar as pessoas que queriam empreender e não sabiam como. Eu queria ajudar eles a começar.
Mas não me sentia confiante o bastante para fazer isto sozinha e comecei a conversar com pessoas mais experientes que eu, ou pelo menos com mais tempo, e isto me dava a sensação de não me sentir sozinha... porque descobri mais tarde que não era a competência que me faltava, mas o medo que sobrava.
Os meus dias e as minhas noites começaram a girar em torno disso, não tinha toda a ideia formada ainda e nem sabia bem ao certo como fazer, mas eu queria fazer.
E cada dia que passava aumentava o número de pessoas perdendo seus empregos e com isto aumentava junto o número de empreendedores arriscando um novo negócio, muito mais pela necessidade do que pela oportunidade.
Infelizmente as pessoas que começam empreender por necessidade pulam algumas etapas fundamentais desta jornada e, normalmente, acaba que o empreendimento não dá certo. Isto porque a pressa não anda junto com a construção. E como tudo na vida, é preciso tempo e preparo para se ter resultados.
Mas o que eu acreditava que a sociedade precisava naquele momento, eu podia fazer. Tinha experiência, estava no meio de muitos empreendedores, recebia para isso, mas ainda não tinha encontrado aquela sementinha do propósito.
Conversei com alguns empresários amigos meus e pedi que me apoiassem, e a partir dali tudo era para estruturar a ideia.
Foi então que consolidei a minha ideia de negócio, que é transformar a forma como as pessoas pensam suas ações para se tornarem empreendedoras e, mais do que isso, ajudarem umas às outras com suas experiências. Com isso é possível que os novos negócios atendam ao mercado e, de uma forma compartilhada, ainda se ajudem.
O que eu queria era mais do que ganhar dinheiro, eu queria que todos tivessem as mesmas oportunidades de conhecimento e que soubessem aproveitá-las.
Nessa época a “mentoria” ainda não era moda, mas a experiência de quem sabe mais podia ajudar quem ainda não chegou lá.
Então, criamos uma rede de pessoas bem sucedidas para aconselharem os novos empreendedores e a partir disso nascia a minha proposta de valor, que está intimamente ligada às minhas características pessoais e emoções. E nessa construção fui formando o que chamamos de propósito, que para mim tem como significado aquilo que se busca alcançar, ter um objetivo, intenção de alguma coisa.
Quando colocamos a emoção na medida certa com a razão, conseguimos criar, construir.
As vezes vejo por aí pessoas tentando separar o lado emocional do racional, justificando ser necessário só a razão para tomar as decisões em seus “negócios” ou “empresas”. De acordo com alguns especialistas, 90% das nossas decisões são influenciadas por uma parte do cérebro que se chama amígdala, responsável pelas reações emocionais, e eu acredito que é também através das emoções que damos forma aos nossos sonhos.
Então, o nosso papel como empreendedores é sonhar e através do nosso sonho entender as nossas emoções e construir, e o caminho para essa construção é o nosso propósito, o propósito de quem nós somos e no que acreditamos ser capazes.